No
segundo século nasceu várias seitas e heresias, principalmente de gregos
místicos, os quais desenvolveram rapidamente na igreja. Eis alguns:
Gnosticismo:
surgiu na Ásia Menor, foco de ideias fantásticas; era o enxerto do Cristianismo
ao paganismo. Eles acreditavam num Deus Supremo que emanava um grande número de
divindades inferiores, algumas benéficas e outras malignas. Criam que por meio
dessas divindades, o mundo foi criado com a mistura do bem e do mal, e que em
Jesus Cristo, como uma dessas “emanações”, a natureza divina morou durante algum
tempo. Os gnósticos interpretavam as Escrituras de forma alegórica, de modo que
cada interpretação significava aquilo que ao intérprete parecesse mais
acertado. Eles progrediram durante todo o segundo século, cessando suas
atividades com o término do século.
Ebionitas:
palavra grega para pobre; eram judeus- cristãos que insistiam na observância da
lei e dos costumes judaicos. Rejeitaram as cartas de Paulo, porque nessas
epístolas ele reconhecia os gentios convertidos como cristãos. Os ebionitas
eram considerados apóstatas pelos judeus não- cristãos, mas também não contavam
com a simpatia dos cristãos – gentios. Depois do ano 70 d.C., se constituíram
maioria na igreja; diminuindo gradualmente no segundo século.
Maniqueus: eram de origem persa e
se chamavam assim por causa do seu fundador Mani, no qual foi morto em 276, por
ordem do governo Persa. O ensino dos maniqueus dava a seguinte ênfase: O
universo era composto do reino das trevas e reino da luz; ambos lutam pelo
domínio da natureza humana. Eles recusavam Jesus, porém acreditavam em um
“Cristo celestial”. Eram ascetas e renunciavam ao casamento. Os maniqueus foram
perseguidos tanto por imperadores pagãos quanto pelos cristãos. Agostinho, o
maior teólogo da igreja, antes de se converter, era maniqueu.
Montanistas: eram assim chamados
por causa do seu fundador Montano. Quase nãosão incluídos como hereges, apesar
dos seus ensinos serem condenados pela igreja. Os montanistas eram puritanos e
exigiam que tudo voltasse à simplicidade dos primitivos cristãos. Eles criam no
sacerdócio de todos os verdadeiros crentes, e não nos cargos ministeriais.
Observavam a rígida disciplina da igreja e consideravam os dons um privilégio
dos discípulos. Um dos pais da Igreja, Tertuliano, aceitou as ideias dos
montanistas e escreveu em favor deles.
Dez dias (anos
ou tempos) (Daniel 11:13).
Anos 100 a 312
Depois de Cristo
O
diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós (10): O diabo é visto como a fonte da perseguição.
Alguns seriam presos, provavelmente aguardando julgamento e possível morte.
Para
seres postos à prova, e tereis tribulação de dez dias (10): O efeito da tribulação seria o de provar a fé
desses cristãos. A sua lealdade a Cristo seria testada sob ameaças de morte.
Mas a perseguição não continuaria para sempre. Dez dias sugere um tempo curto,
mas completo. Seria uma provação completa, mas teria um fim.
Dez dias (dez
imperadores)
Nero (54- 68 d.C.);
Domiciano
(81-96 d.C). Este imperador se considerava um deus e perseguiu os cristãos
durante 10 anos, especialmente por os cristãos de Esmirna por sua entrega e
desapego aos bens materiais. E mesmo tendo seus bens confiscados pelo império
romano, eles continuavam fiéis a Jesus Cristo.
Trajano (98 a
117 d.C);
Marco Aurélio (161-180 d.C);
Severo (193-
211 d.C);
Maximino (235-238
d.C);
Décio (249 a
251 d.C);
Valeriano
(253- 260 d.C);
Aureliano
(270- 275 d.C);
Diocleciano
(284- 305 d. C). Fez uma perseguição de dez anos contra os cristãos.
Sê
fiel até à morte (10): O fim desta
perseguição, para alguns, poderia ser a própria morte. Mesmo assim, deveriam
ser fiéis. Às vezes, arrumamos qualquer desculpa para não fazer algo que Deus
pede. Mas nada, nem a nossa própria vida, deve ser mais importante do que a
nossa fidelidade a Deus.
Um dos
efeitos produzidos pelas provações por que passaram os cristãos desse período,
foi uma igreja purificada. As perseguições conservavam afastados todos aqueles
que não eram sinceros em sua confissão de fé. Ninguém se unia à igreja para
obter lucros ou popularidade; os fracos de coração abandonavam a igreja.
Somente aqueles que estavam dispostos a ser fiéis até à morte, se tornavam
publicamente seguidores de Cristo. A
perseguição da igreja separou o joio do trigo.
A
igreja era unificada numa mesma fé e no ensino da Palavra; a ponto das seitas
hereges pouco a pouco irem
desaparecendo.
E
dar-te-ei a coroa da vida (10):
A palavra “coroa” (grego, stephanos) refere-se à coroa de vitória. A coroa da
vida vem de Deus, o único que pode dar a vida (veja João 5:26; 14:6; 1 João
1:1-2). Aqueles que amam a vinda de Jesus receberão a coroa da justiça (2
Timóteo 4:8).
De acordo com
o Livro: História da Igreja Cristã, do autor Jesse Lyman HurlBut, Simão ou Simeão (Marcos 6:3), foi sucessor do
apóstolo Tiago; ambos eram irmãos de Jesus. Por ordem do imperador Trajano, Simeão foi crucificado com a idade
de 120 anos.
Bispo Inácio
da Antioquia foi lançado às feras e escreveu cartas às igrejas manifestando o
desejo de morrer por Cristo.
Policarpo, que foi ordenado pelo próprio
apóstolo João, foi queimado vivo e não negou a Cristo. Eis a declaração de
Policarpo: “Por oitenta e seis anos eu O servi e Ele nunca me fez mal. Como
posso blasfemar de meu Rei, o qual me salvou?”.
Justino Mártir era filósofo antes de se
converter, e continuou ensinando depois de aceitar a Cristo. Era um dos homens
mais competentes do seu tempo e um dos principais defensores da fé; foi
martirizado em Roma em 166 d.C.
O imperador
Séptímio Severo tentou em vão restaurar religiões decadentes do passado. Fez
uma rigorosa perseguição contra os cristãos. Este imperador era tão cruel que
foi considerado pelos cristãos como o anticristo. Foram martirizados Leônidas,
pai do grande teólogo Orígenes em Alexandria, Perpétua, nobre mulher de Cartago
e Felicitas, sua fiel escrava. Leônidas foi decapitado; Perpétua e Felicitas
foram despedaçadas pelas feras no ano 203 d.C.
No tempo do
Imperador Valeriano (257 d.C), o bispo Cipriano de Cartago, um dos maiores
escritores e dirigentes da igreja desse período foi morto, bem como o bispo
romano Sexto.
No reinado do
imperador Diocleciano foram queimados exemplares da Bíblia e destruídos todos
os templos. Ele exigiu que todos os cristãos renunciassem a fé, ou perderiam a
proteção do império e a cidadania romana. Vale salientar que cidadão romano não
poderia ser crucificado. Muitos foram trancados nos templos e queimados vivos.
Consta que o imperador erigiu um monumento com esta inscrição: “Em honra ao
extermínio da superstição cristã.”.
Quem
tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas (11): Como em todas as cartas às igrejas, Jesus chama
os destinatários a ouvirem a sua mensagem.
No
terceiro Século depois de Cristo que foi formado o Cânon Bíblico do Novo
Testamento. E apareceram escolas teológicas, são elas: Alexandria, Ásia Menor e
Norte da África.
Com o
aparecimento de seitas e heresias, houve a necessidade de nomear bispos
dirigentes.
O
vencedor (11): Aqueles que
permanecem fiéis diante das perseguições são vencedores com Cristo.
De
nenhum modo sofrerá dano da segunda morte (11): Não sofreria o castigo eterno (20:6,14; 21:8). Os
perseguidores poderiam até causar a primeira morte, mas os fiéis não sofrerão a
segunda morte (veja Mateus 10:28).
Morar em Esmirna no primeiro século não seria fácil para o
discípulo de Jesus. Além das perseguições pelos judeus, eles enfrentavam uma
ameaça mais organizada e mais poderosa. A idolatria oficial, juntando a
religião à força do governo, prometia uma perseguição perigosa aos cristãos da
cidade, tentando-os a abandonarem a sua fé para melhorar as suas circunstâncias
ou até para evitar a morte violenta. Para vencer esta tentação, teriam que
acreditar no poder daquele que já venceu a morte. Mesmo se morressem, as suas
vidas eternas seriam garantidas somente se mantivessem sua confiança no eterno
Senhor, “o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver”.
Na história da Igreja,
Esmirna representou a Era dos Mártires do ano 100 ao ano 312 d.C.
O
leitor deve observar o contraste que existia entre o “anjo” (pastor) da igreja
de Esmirna, e o da igreja de Laodicéia (3.17). Cumpre-se aqui, portanto, um
provérbio oriental que diz: “Aos olhos de Deus, existem homens ricos que são
pobres e homens pobres que são ricos’. O sábio Salomão declara em Pv 13.7: “Há
quem se faça rico (o pastor de Laodicéia), não tendo coisa nenhuma, e quem se
faça pobre (o pastor de Esmirna), tendo grande riqueza”. O Dr. Champrin observa
quem aqueles crentes (de Esmirna) eram pobres, mas não porque não trabalhassem
– sendo essa a causa mais comum da pobreza de modo geral, mas devido às
perseguições que sofriam. Suas propriedades e bens foram confiscados pelo
poderio romano, e além de tudo esses servos de Deus, ainda sofriam encarceramento.
Porém, está, declarado no presente texto, que eles eram ricos. Em que? Nas
riquezas espirituais. Eles eram de fato ricos: nas obras, na fé, na oração, no
amor não fingido, na leitura da Palavra de Deus, (à maneira de seus dias).
Estas coisas diante de Deus: São as riquezas da alma! (Mt 6.20; 1Tm 6.17-19).
Que Jesus vos abençoe!
Pr. Weliton Santos.